Encontras-me em ti

 

Todos os escritos são da autoria de Fernanda Cruz

Afinidade

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 

 

“Para mim a afinidade é o que nos liga a outra pessoa sem que haja qualquer ação manifestada. Sente-se antes de haver convívio e interação e estes só irão confirmá-la.

É algo muito fácil de identificar quando é sentido, podendo não ser classificado de imediato como tal, mas muito difícil de definir. É uma ligação que se reconhece, algo que já existia. O espírito que somos manifesta-se na presença de outro que nos é afim e nele acontece o mesmo. Os mais sensíveis, ainda que não entendam, tem sensações que não deixam margem para dúvidas de que algo especial se está a passar.

Há sensações de não querer sair de junto de alguém que acabamos de conhecer, ainda que não tivéssemos trocado uma única palavra. Reconhece-se pela energia, pelo olhar, pela vibração. É uma sensação de se sentir em casa, no lar do qual nem nos lembramos e estranhamos o conforto e as saudades sentidas momentaneamente por esse contacto. Apetece abraçar esse desconhecido, tocá-lo, dizer-lhe o quanto sentimos a sua falta, sem nunca o termos visto antes, e provavelmente, mesmo que nunca mais o vejamos.

Há uma sintonia na presença de um afim, um calor, uma luz que até nos confunde. Sabemos que não conhecíamos aquela pessoa que de repente parece mais familiar do que todos os familiares que conhecemos. Há um sentimento que desperta e que não conseguimos enquadrar nos que conhecemos, e que é discreto, calmo. Apesar de intenso sabe-se que não é familiar das paixões. Toca o amor mas numa circunstância em que não estamos habituados. E é sempre agradável.

Os afins podem passar anos sem se verem, sem se falarem, sem saberem nada um do outro, mas guardam a certeza do momento do reencontro ser sempre feliz, independentemente das circunstâncias, porque cada um traz o que o outro está a precisar nesse momento, vai compreendê-lo, porque não é preciso desdobrar-se em comunicação se comunicam pelo sentir

Muitas vezes essas pessoas passam a fazer parte da nossa vida, por opção de ambos, se isto é sempre nos dois sentidos. Na afinidade há sempre reconhecimento de ambas as partes, ou não será essa a palavra mais indicada para a situação.

Pode ser também que aconteça entre estranhos que se cruzam por um momento, num local onde nunca tinham ido, noutro país, e que podem nunca mais se ver, apenas para que reconheçam a sua grandeza e amplitude enquanto espíritos, para que saibam que há um outro lado onde as ligações são fortes e muitas, onde estamos todos conectados.”

 

Fernanda Cruz

 

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