“A amizade é um sentimento descrito como muito belo e em nome dele se criam laços com pessoas a quem chamamos amigos.
Na categoria de amigos estão os que de alguma forma partilham algo connosco, sejam gostos, formas de ser e de estar, conversas, interesses, locais de convívio, etc. As afinidades nem sempre são aqui incluídas, é um sentimento à parte, pelo menos assim vejo.
Mas quando esse espírito iluminado, esse que fez o tempo ser contado como antes e depois Dele, veio cá, não disse "Sejam amigos uns dos outros". Ele disse "Amai-vos uns aos outros". Se a amizade é verdadeira, tem de ter dentro dela o amor, este que Jesus nos ensinou.
Eu sinto isso nas e pelas pessoas, sinto o quanto vibram nessa frequência de amor. Há palavras e frases muito bonitas que são ditas sem sequer um bocadinho disto que falo e há silêncios e olhares carregadinhos deste amor que nos enche a alma, que faz sentir bem. Este toca o outro no mais intimo do seu ser, vem de dentro, muitas vezes sem a intenção de parecer bom ou bonito, mas sendo sempre verdadeiro.
O amor e a verdade tem de andar de mãos dadas ou não é disso que se trata.
Podemos sentir amor por uma pessoa mas não termos muito em comum com ela, não havendo grande lugar para partilha, mas esse sentimento, esse bem querer, com toda a certeza irá interferir na vida daquele por quem se sente amor. É uma forma de prece que se manifesta a cada pensamento. Podemos ter este sentimento por pessoas que estão ausentes da nossa realidade e do nosso dia a dia e isto aproxima-nos. Quem é que nunca se sentiu próximo de uma pessoa com quem não convive há meses ou até anos? Ao pensar nessa pessoa há logo um sentimento que se gera em nós que ativa o amor e dá logo um bem estar. Sim, também dá saudade, mas com a quantidade de formas que existem para comunicar e procurar alguém, pode-se sempre ir ao encontro se a saudade apertar. E se, por motivos de força maior, não for de todo possível, está em nós a decisão de viver a saudade em dor ou em amor, sendo que a primeira forma não faz bem a ninguém e a segunda faz bem a todos.
Se no sentimento que surge se quer mais a presença da pessoa a todo o custo do que se quer que ela esteja bem, não lhe chamemos amor, é com toda a certeza outra coisa e envolve (ap)ego. O amor é sempre libertador e está cá dentro, sentimos em nós antes de sentirmos pelo outro e não depende da reação dele. Isto que digo, este sentimento, é também válido para todos aqueles que amamos e já partiram, não se encontrando já nesta dimensão.
Acredito que a energia de amor é a que se movimenta mais rapidamente e a mais poderosa de todas. O mundo está cheio de exemplos deste poder.
Substituir um "quero-te aqui" por um "gostava que estivesses aqui mas quero é que estejas bem onde estiveres e envio-te todo o amor que me fazes sentir" faz toda a diferença, não faz?”
Fernanda Cruz