Encontras-me em ti

 

Todos os escritos são da autoria de Fernanda Cruz

Gostas de ti?

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“Gostas de ti? Gostas de ser quem és?

Gostas da forma como ages com os outros, da tua conduta de vida?

És honesto(a)?

Gostas dos sentimentos, das ações e reações que tens?

Sentes-te bem com a tua consciência? Estás tranquilo?

O nível de amor que tens por ti e pelos outros é o que gostarias de ter?

És feliz? Proporcionas felicidade aos que te rodeiam como gostarias?

O amor e dedicação que pões em todos os teus trabalhos é o que gostavas que fosse?

O teu coração vibra como gostarias que vibrasse?

A forma como tratas os outros é a forma correta, a melhor que conheces e que podes?

Estas são as perguntas que me faço.

Se a resposta é sim, muito bem, se é não, então está na hora de fazer algo para mudar esse não. Ficar a lamentar não vai mudar o não. Não estou a falar de ideais, estou a falar apenas das possibilidades que temos que são muitas mais do que imaginamos.

Principalmente quando a maior parte das respostas é sim, há um outro exercício a fazer, para se ter termo de comparação de quanto gostamos mesmo de nós próprios. Vou então agora pôr estas questões de outra forma.

Se fosse possível, como prémio pelos "sim", conviver só com pessoas iguais a nós, quanto isso faria cada um de nós feliz?

Se fosse possível eliminar todos os graus de parentesco, de poder, todas as relações, se fosse possível dividir as pessoas por tipo de personalidade, quanto gostaríamos de conviver com pessoas com a nossa personalidade, que estivessem ao nosso nível em tudo, em todas as perguntas anteriores? Quanto gostaríamos que as nossas relações pessoais, profissionais, familiares, amorosas e sociais, fossem com pessoas iguais a nós? Seriam suficientes os sorrisos, a compreensão, a gratidão, o perdão, a vontade, a atitude que temos sabendo que passaria a ser o que recebemos?

Quanto gostaríamos de SÓ conviver com pessoas que agissem como agimos, tenham os sentimentos que temos, sejam eles bons ou maus? Quanto nos faria felizes conviver SÓ com pessoas que tivessem o nível de amor que temos por nós e pelos outros e que proporcionassem aos outros (que seriamos também nós) a felicidade que proporcionamos? Seria assim tão agradável estarmos SÓ rodeados de pessoas que se dedicassem ao que fazem como nos dedicamos, sabendo que seriamos os beneficiários dessa dedicação? Quando somos atendidos por alguém, somos quem gostaríamos que estivesse no nosso lugar se fossemos nós a atender? Sendo empregado, somos o empregado que gostaríamos de TER se fossemos patrão ou vice-versa? Principalmente vice-versa, principalmente se se tratar de um patrão, será que gostava de ter um patrão como ele é para os empregados?

Somos o filho/filha, amigo/amiga, marido/mulher, pai/mãe filho que gostaríamos de TER? Será que todos conseguimos responder sim à pergunta: gostavas de ter um filho que fosse para ti como tu és para os teus pais?

Quanto gostaríamos disto? Ou quanto não gostaríamos? Será que aí faríamos algo diferente? Será que tentaríamos ser melhores? Mudávamos alguma coisa do que somos agora?

É claro que isto é apenas um exercício mas para mim serve de bitola, de autoanálise. É pormo-nos do outro lado. Partilho na esperança de que possa servir para mais alguém.

A diversidade humana é que nos faz crescer. É no convívio com os diferentes que nos enriquecemos. Mas estou certa de que o mundo seria melhor se todas estas diferenças, todos estes universos que somos, cada um de nós, estivessem dispostos a subir um degrau que fosse, em direção ao bem, estivessem um nível acima.

Acredito que a verdade e a sinceridade serão cada vez mais fortes e que vão iluminar este mundo em que vivemos, deixando cair as máscaras, expondo cada um a si mesmo e à sociedade.

Acredito que, se houvesse um espelho da verdade, em que cada um se pudesse ver como é na realidade, o seu ser, o verdadeiro "eu", muitos não se reconheceriam. Talvez em muitos casos por ignorância e noutros porque as máscaras já fazem parte deles.

Acredito que estamos cá para aprender e quanto mais estudarmos e fizermos a nossa parte menos "chumbos" e menos "castigos" teremos, porque aprendemos a bem e ainda ficamos felizes por saber cada vez mais nesta escola da vida, e mais promissor será o nosso futuro.

Está nas nossas mãos esta mudança, aos poucos, ao ritmo de cada um. Não se pede a ninguém que passe da escola primária para o 9º ano, por exemplo. Sem fanatismos, sem grandes saltos, percorrendo todas as etapas do caminho. Mas não é mais agradável percorrer um caminho cheio de luz, florido e firme do que andar por um escuro, lamacento e escorregadio?

Temos a eternidade como limite para sermos perfeitos, mas quanto mais cedo nos aproximarmos, melhor!”

 

Fernanda Cruz

 

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