Encontras-me em ti

 

Todos os escritos são da autoria de Fernanda Cruz

O maior problema do mundo

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“Qual é o maior problema do mundo, aquele cuja resolução poderia acabar com todos os outros problemas?

Faço-me esta pergunta sempre que existem situações dramáticas nas notícias que já não vejo mas me chegam, de alguma forma.

Não encontro uma resposta diferente desta...

...falta de amor!

A ausência de amor é o maior problema do mundo. E é tão sério este assunto que não passa só pelo dar, mas principalmente pelo receber. As pessoas não estão sequer preparadas para receber amor, quanto mais para dar. Para que haja interações desta energia maravilhosa é preciso antes de tudo reconhecê-la. E para reconhecer é preciso senti-la, em primeiro lugar, por nós próprios.

Então a primeira coisa a fazer para resolver o maior problema do mundo é sentirmos amor-próprio, é trabalhar a autoestima, porque quanto mais eu gostar de mim, mais vou vibrar nessa frequência. E como é que posso gostar mais de mim? Bom, só posso falar do meu processo, mas se serviu para mim, pode servir para mais alguém.

Entendo que só há uma forma de conseguir amor-próprio: o autoconhecimento. Eu só me posso amar se me conhecer, se souber exatamente quem sou, o que sinto, como penso. Preciso conhecer-me, com todos os meus defeitos e todas as virtudes, todas as dúvidas e todas as certezas, excluindo as culpas ao outro. Frases como "ele é que me faz ser assim" são pura ilusão, são o enganar a si mesmo. Ninguém nos faz ser de determinada forma e o outro só me atinge se eu permitir e normalmente permite-se por esta lacuna de amor.

Fazendo uma analogia, se eu deitar álcool na palma da mão, vou apenas sentir o cheiro característico e a sensação fresca do líquido, mas se na palma da mão eu tiver uma ferida, de certeza que sentirei dor e quase desespero. Nas duas situações, o que é externo mantém-se , o que muda somos nós, porque num caso estavamos em ferida e no outro não. Assim acontece com as agressões.

Muitas vezes até identificamos como agressão algo que não tinha intenção de o ser, mas vamos falar apenas do caso em que é intencional. Vejamos então a situação em que alguém tem mesmo intenção de nos agredir e magoar, ou seja, lançar o álcool. Se não tivermos feridas na alma, vamos identificar que é uma agressão, saber que a intenção foi essa, mas não sentimos qualquer dor, não vamos reagir. Passamos a conhecer melhor a pessoa, escolhemos se queremos ou não que ela continue a fazer parte da nossa vida, sabendo que se se quisermos, temos de usar a sabedoria e o amor que temos por nós e por ela sempre que houver confronto.

A não reação nestes casos é o que funciona melhor. Imaginem uma pessoa a tentar agredir verbalmente outra e essa outra não reagir, mantendo toda a lucidez que é impedida nos casos em que se fica alterado. O agredido deixa de o ser, podendo tomar a atitude que for mais indicada. Por outro lado, a energia que foi ali cortada vai ajudar o agressor a "pôr a mão na consciência". O seu livre-arbítrio pode permitir que ele continue a fazer isso, mas normalmente quando alguém tem intenções de agredir e humilhar e não consegue o efeito suposto, no mínimo fica confuso e a pensar no assunto.

Na minha forma de ver, pode-se e deve-se marcar posição, mas agindo, nunca reagindo, e ter sempre o pensamento de que era bom que o outro soubesse fazer de outra forma, mas não sabe. Se sabe, vai-lhe pesar na consciência e o facto de não saber não é nunca impeditivo de que aprenda, se é para isso que cá estamos todos.

Quando nos sentimos magoados e feridos, é porque as feridas já lá estavam e apenas foram tocadas, o que provoca sempre dor. Então o melhor é conhecermos essas feridas, saber o que e porque nos magoa aquela palavra e aquela ação. Deve-se aceitar que elas existem mas apenas pela vontade de as curar, nunca para a vitimização. Aqui acontece algo extraordinário, é que a cada uma que conseguimos curar, aparece uma sensação de felicidade, uma força interior que nos faz acreditar que tudo é possível e, subjacente a isto, começa a florescer o amor-próprio. Este processo não tem voltas atrás, é contínuo e evolutivo.

A sensação de pensar numa pessoa que nos magoou no passado e não sentir raiva nem rancor é das melhores que existe. Começamos a sentir orgulho de nós próprios quando isto acontece. Quando damos conta, já temos muitos impossíveis convertidos em concretizados. Mas há algo ainda melhor em relação a todo este processo. Como sabem, os espíritos, sejam eles encarnados ou desencarnados, sentem-se e influenciam-se uns aos outros e fazem-no de uma forma que pode ficar tudo no inconsciente. Há espíritos tipicamente agressores que detetam vítimas apenas porque estes se sentem como tal e não deixam escapar uma oportunidade de se vincarem nesse papel. Alguns destes até dão em casamentos. Muitas vezes as pessoas não se vêem assim porque usam máscaras que não lhes permitem ver quem são de verdade, o seu espírito.

Então, quando o espírito que somos passa a sentir amor, esses espíritos (com ou sem corpo) que se identificam com os agressores, não agridem, porque a nossa frequência já não está na de vítima, e é essa que eles procuram.

O medo é uma energia contrária à do amor, por este ser uma ameaça à sua existência. Os agressores, muitas vezes são-no para que os medos deles não se tornem visíveis. Quando há energia de amor, os medos desaparecem. Então os que querem amedrontar e assustar sabem que nunca terão uma vítima naquele que sente e vibra amor e desistem de o fazer, procurando outras vítimas.

Agora vamos imaginar que todos tinham e vibravam este amor que elimina tudo o que faz sofrer, todos os medos, angústias, rancores, a raiva e tudo o que prejudica o ser humano. Alguém que vibre nesta frequência quer passar por cima do outro, procura poder a todo o custo, é capaz de virar as costas a alguém que pede ajuda? Claro que não. Ok, a morte não ia deixar de existir mas até ela seria melhor compreendida pois o que nos faz encarar mal a morte é o não termos feito ou dito à pessoa tudo o que queríamos, e a sensação de fim, que afinal é só um até já.

Esta energia, faz-nos ter também uma compreensão muito mais abrangente da vida e de tudo, sendo inevitável concluir que realmente somos um espírito dentro de um corpo, que continua a viver quando esse corpo esgota a sua vitalidade, compreendendo que a morte é libertação, é passagem.

Para mim o maior problema do mundo é a ausência de amor. A evolução do espírito por todas as vidas que passa é precisamente a sua procura e compreensão.”

 

 

Fernanda Cruz

 

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