“O preconceito é um pré-conceito, algo que se definiu antes do que era suposto, não por conclusão ou experiência própria, mas porque nos foi transmitido.
Quem se guia só por conceitos, que não são mais do que ideias já criadas, nunca terá as suas próprias. Terá de tomar os valores dos outros como verdadeiros, não deixando espaço os validar ou rejeitar para si mesmo.
Isto ata-nos, não permite experimentar, criar, sentir, avaliar e os conceitos servem para isso, para que cada vez que alguém o assuma como verdade, se torne ainda maior e mais robusto.
Não ter opinião formada sobre um determinado assunto dá liberdade de movimentos, permite estudo dependendo apenas do interesse, permite experimentação para formação de opinião. O que é válido para um ser humano, pode não ser válido para outro, se mesmo nesta vida temos experiências e caminhos diferentes, já para não falar da bagagem espiritual que cada um carrega.
Alguns conceitos existentes são realmente aceites por todos, por sua validação ao longo dos tempos, e mesmo que a atitude seja não os considerar num primeiro momento, se forem realmente verdadeiros, lá se chegará. Outros há que logo que nos são transmitidos sentimos em nós a veracidade, temos um sentimento de que aquilo é verdadeiro.
A história da humanidade e o avanço, a evolução da mesma, é feita por aqueles que desafiaram os conceitos que lhes foram transmitidos, ousaram questionar o certo, seguiram o que sentiam e foram pelas suas próprias convicções, experimentar outra forma, espreitando o outro lado, não óbvio, não tão visível e não aceite até ali. São os diferentes que enriquecem a humanidade e somos todos diferentes, só que uns acreditam nisso e outros não.
No meu caso, em algumas coisas e situações, eu por muito que tente aceitar o que me é transmitido, não consigo. Sinto cá dentro um desconforto que me faz questionar se o devo ou não considerar. Ao procurar a causa desse desconforto, acabo por chegar a novas conclusões, e fico a conhecer-me um pouco melhor. É assim que acontecem os impossíveis, porque alguém não os aceitou como tal.”
Fernanda Cruz