“Vejo as tentações como testes de avaliação para sabermos se o que realmente queremos está ou não de acordo com os nossos padrões.
Se algo é classificado de tentação é porque, de alguma forma, não se encara como correto. Mas como se considera que algo não é correto? Essa classificação vem da consciência ou do que foi ensinado (pela educação e padrões sociais)?
Quando a resposta bate no segundo caso, e se a vontade interior e o desejo se unem ao querer, então não é tentação, é algo que deve ser experimentado, que deve ser vivido.
Se for o primeiro caso, se a consciência e a vontade interior não aprovam aquele desejo do momento, então é necessário tomar conhecimento de que se trata de uma escolha. Como em todas as escolhas, há algo que se perde cada vez que se opta e isto deve ser pesado na balança de cada um, analisando o que envolve.
Normalmente os fatores a considerar são a felicidade, a dor, a coragem, a determinação, a paz, o equilíbrio e outros que se vão colocando de um lado ou de outro nas hipóteses que temos.
Assim deixa-se de considerar tentação, passando a chamar-lhe escolha consciente. Cada uma deve ser esmiuçada , desmontada. Devemos deixar de lado todas as situações em que nos sentimos vítimas e, principalmente nessas, ir pelo outro lado, ter a coragem de ver o que realmente se está a passar, o porquê de nos sentirmos tentados, em que ponto aquilo nos está a tocar. Se não houver esta frontalidade, mesmo que se resista àquela tentação, esta nunca deixará de o ser...”
Fernanda Cruz