Encontras-me em ti

 

Todos os escritos são da autoria de Fernanda Cruz

A semente

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"Não cai uma folha de uma árvore sem que Deus saiba". Eu também acredito nisto, só pode ser assim. Mas este "saiba", na minha perspectiva é o mesmo que "tome conhecimento" e não "ordene".

Acredito que Deus nos criou e nos deu o livre arbítrio e por isso não interfere naquilo que decidimos. Se estivermos atentos, conseguimos identificar muitas ajudas, a todo o momento, para que tomemos a decisão certa. Esta decisão certa só tem uma definição: a que serve para mais nos aproximarmos Dele. Tirando isto o certo e o errado não tem qualquer outro sentido. Para mim o certo e o errado não são classificáveis fora destes conceitos: tudo o que nos aproxima de Deus é certo e tudo o que nos possa afastar é errado. Eu nem acredito muito em afastamento pois para mim o caminho para Deus não tem passos atrás mas este afastamento é mais sair do caminho, a partir de um certo ponto. As distrações que nós próprios criamos e que se baseiam nos valores materiais e do ego, podem perigosamente até manter-nos num caminho paralelo ao de Deus mas não é o de Deus. É aqui que se enquadram muitos dos religiosos.

Na minha perspectiva, se todos vimos cá, em cada vida, com um objectivo definido ao qual chamo propósito e que é único, como tudo o que Deus criou, o caminho para Ele tem forçosamente de passar pelo cumprimento desse objectivo. Existem regras e leis que são transversais a todos os espíritos, em todas as vidas e até fora delas, mas devemos ter em consideração apenas as que se baseiam no amor e ainda assim temos a agravante de usarmos o livre arbítrio para as entendermos e interpretarmos.

Deus sabe, antes de tudo, que nos criou e com que intenção o fez.

Todos os exemplos que eu possa dar baseada no que conheço são imensamente pequenos e incompletos para o que quero dizer, porque Deus liga tudo de uma forma tão suprema como a inteligência que é, e não tenho capacidade para entender. A capacidade para descrever o que entendo é muito menor e não encontro palavras nem exemplos que sirvam. Mas simplificando muito, imaginemos então que eu, não eu humana desta encarnação, mas eu espírito criado por Deus, com a consciência já adquirida por tudo aquilo que já vivi encarnada ou desencarnada, sou uma semente na mão de Deus, considerando mão de Deus tudo o que é energia divina, todos os espíritos que estão mais perto Dele e nos ajudam a traçar objectivos e propósitos. Quando se lança à terra uma semente, com certeza são levadas em consideração as condições necessárias para que se desenvolva e dê fruto. Assim como não se planta uma semente de um fruto tropical no Pólo Norte, também não somos lançados para condições adversas porque quem nos pôs cá sabe que informação trazemos, muito antes de desabrocharmos e sermos visíveis, de nos conhecermos. O deserto não parece ter condições para que uma planta se desenvolva mas por exemplo os cactos, só lá conseguem desenvolver-se. Não se pode dizer que é injusto uma semente ser lançada para o deserto se outra é lançada para uma floresta tropical, pois não é visível a informação que existe dentro dela. Há uma sabedoria nisto que nos transcende e que se não somos capazes de entender, pelo admirar percebemos. Uma semente por exemplo de um fruto, por mais pequena que seja, traz consigo toda a informação desde o criar das raízes até à formação do fruto, passando por todo um processo que nos parece básico por ser um dado adquirido, por sempre termos convivido com ele, mas que é um fenómeno, como todas as maravilhosas criações de Deus e diria até que há uma forma de inteligência e sabedoria em cada criação para além da usada para criar.

Na natureza, nas plantas, nos animais, em todos os seres vivos e inanimados, existe esta inteligência e parece que todos sabem o seu papel. Claro que tudo é dirigido por essa inteligência suprema que não precisa dizer à folha para cair, pois quando criou a semente que deu origem à árvore, criou todo o processo e o cair da folha faz parte dele. Ao observarmos os animais, tiramos grandes lições e, pelo que sabemos, quase só se baseiam no instinto. É fácil notar a forma como se comunicam e como agem para conseguirem o que precisam.

Mas Deus também criou os humanos. E a partir daqui, da semente lançada para o terreno e condições mais propícias ao seu desenvolvimento, estamos por nossa conta, pois Deus na sua infinita bondade, deu-nos o que deu a tudo o que criou, acrescentando algo mais: o livre arbítrio. Para o usarmos, precisamos da inteligência, do pensamento e do raciocínio, mas é fundamental que não nos esqueçamos que trazemos connosco tudo o que precisamos.

Cada vez me é mais difícil perceber e definir inteligência pois para mim a inteligência não é o que é para todos. Para mim é mais inteligente aquele que usa a capacidade máxima que possui de amar a si mesmo e aos outros do que aquele que faz equações e raciocínios que levam por exemplo à descoberta da bomba nuclear.

Se Deus é inteligência suprema e se Deus é amor, não se pode chamar inteligência ao que leva a estas descobertas com estes propósitos. Se considero Jesus o humano mais inteligente, sábio e visionário de toda a história da humanidade, não posso dizer que Hitler também o era. Ou então posso mas há uma diferença abismal entre estas duas inteligências, e entre todas que é o amor na intenção, no que os motiva.

Os homens preocupam-se muito mais, no conceito do que não é visível, em estudar a matéria do que o espírito e a essência do que são. Querem saber como se ligam os átomos e as moléculas achando que assim entenderão como foram criados e chegarão à existência de Deus. Estamos aqui para compreender o amor e é a única coisa que não nos esforçamos para entender. É aí que o bom uso do livre arbítrio nos leva, ao amor. A energia de Deus é amor e nós somos criação dele. Uma consciência mais elevada, mais próxima de Deus, é a que melhor entende o amor. A maior inteligência é a que põe o amor acima de tudo, como Jesus.

Não é só a palavra inteligência que é mal usada, o amor também é, se se mata por amor. Se por amor se fazem as maiores atrocidades. Este não é o amor de que falo. O amor de que falo é o amor divino, mas a palavra é apenas usada na medida que é entendido pela ignorância de cada um. Acredito que valha a pena explicar que existe, mesmo a quem não o entende, pois abre-se uma janela no muro. Saber que existe é o que a maioria de nós precisa para dar o primeiro passo, ainda que considere impossível lá chegar.

O sentir para mim é o que, em cada um de nós, descodifica o amor divino. É a forma de inteligência que procura entender Deus, a que consegue ver as linhas direitas no certo que Deus escreve, a que dá visão e compreensão dos factos, das situações muito além do visível. É a que descodifica as ligações entre os espíritos.

Todos temos a possibilidade de entender e chegar ao amor divino que é a essência do espírito que cada um de nós é. A boa notícia é que cada passinho que se dá neste caminho, elimina retrocesso, pois cada pedacinho dele que se compreende, aumenta a consciência e esta, em cada vida, não tem retrocesso.

Este amor divino manifestado seria todos termos as maiores manifestações de carinho, de ajuda, de respeito, uns para com os outros. seria viver em prazer constante, se todos estivéssemos no mesmo patamar de compreensão do mesmo. Mas não estamos e por isso a sabedoria inerente a este amor pode fazer com que um que o compreenda melhor tenha atitudes que o outro que ainda não o compreende tão bem classifique como más ou erros, ou até como algo que o irá prejudicar mas isto só prova que realmente não o compreende ou não haveria julgamento.”

 

Fernanda Cruz

 

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